Texto e fotos: Dine Estela
Depois
de três dias, trabalhando para se recuperar dos estragos causados pela chuva de
quatro horas e meia, que atingiu Queimados na última quinta-feira (06), a
cidade apresenta sinais de recuperação, no entanto, os moradores foram as
maiores vítimas. Por quase todas as ruas e bairros da cidade é possível encontrar
montanhas de móveis, roupas, colchões e eletrodomésticos a espera de serem recolhidos. A prefeitura de
Queimados conseguiu reunir um mutirão e já recebeu mais de seis toneladas de
alimentos, roupas, colchões e água para as vítimas. Aos moradores sem condições
de retirar suas doações, a própria prefeitura está se encarregando da entrega.
O
prefeito Max Lemos, tem comandado a força tarefa desde quinta-feira, a noite. “Estou desde a madrugada de quinta-feira na
rua com equipes em toda a cidade atendendo às pessoas, limpando ruas e rios e
contabilizando os estragos provocados pela tromba d´água que atingiu o estado
como um todo e a Baixada em particular. Já tivemos 1.320 famílias desalojadas e
até este domingo eram apenas 41 que também já foram encaminhadas para o aluguel
social e casas de parentes.
Foto: Luiz Ambrosio |
Montamos um
QG na secretaria de Serviços Públicos, que fica na Rua Felix, ao lado do Fórum,
onde equipe de Obras, Serviços Públicos, Defesa Civil, Habitação e Assistência
Social com a colaboração das demais secretarias que estão atendendo à população e a chamados pelos
telefones 2665-2027 e 2665-1966. Dentro de algumas horas teremos o balanço
completo da situação para informar a todos. Daremos toda a assistência às
famílias que perderam suas casas, e elas não foram poucas. Felizmente, não há
registros de mortos até o momento”, destacou Max.
Vídeo com fala do prefeito O prefeito
comemora ajuda de fora. “Gostaria de
agradecer às muitas pessoas que neste momento de dificuldade da nossa cidade se
mobilizam para ajudar ao próximo. Esse movimento partiu de todas as classes
sociais. Me emocionei vendo pessoas humildes dividindo o pouco que têm com quem
nem conhecem, doando na Vila Olímpica água mineral, comida, colchonetes. Vi
gente incansável ajudando vizinhos, parentes, amigos. Durante todo o dia recebi telefonemas de empresários oferecendo máquinas e
equipamentos para desobstruir nossas ruas e limpar a cidade. Passadas mais de
72 horas da maior chuva já registrada em nossa história, ainda contabilizamos
os prejuízos materiais, mas fica claro pra mim que é nessas horas que o melhor
do ser humano, que é a capacidade de amar, se revela. É isso que me anima a
seguir em frente. Temos muito trabalho a fazer. Vamos recuperar e continuar
transformando essa cidade. Mais uma vez obrigado a todos por essa demonstração
de força, coragem e, sobretudo, humanidade”, lembrou Max, que decretou situação de emergência.
Mais de 60 máquinas para limpar a
cidade
A prefeitura de Queimados está com 40
caminhões trucados, 20 máquinas Patrol e 4 Vacol para sugar a lama das casas,
desobstruir bueiros e limpar a cidade. As equipes estão espalhadas pelos
bairros mais atingidos pela chuva ajudando no recolhimento dos móveis inutilizados.
A cidade também está recebendo a ajuda da CEDAE com caminhões-pipa cedendo água
para que os moradores possam abastecer suas residências e realizar a limpeza.
Segundo o secretário de Serviços Públicos,
Rogério Brand, os caminhões estão fazendo em média 1.200 viagens por dia. “Cada
caminhão faz em média quatro viagens por dia, em cada localidade para retirar todo
o lixo que sobrou na cidade,” alertou
Brand. Os moradores que ainda não receberam a visita dos agentes das
secretarias de Assistência Social e Defesa Civil devem procurar o QG montado na
Secretaria de Serviços Públicos, à Rua Felix, 1.581, ao lado do Fórum.
Moradores
se recusam a sair de suas casas
A moradora da Rua Pastor Arsênio Gonçalves, bairro
Pedreira, Rosemery Bastos, tem quatro filhos, sendo que apenas dois moram com
ela e o marido, sua casa está ameaçada por um barranco que invadiu parte do
quintal e já se aproximou da janela do quarto das crianças, mas mesmo assim, a
moradora não quer sair de casa. “Eu demorei muito para construir minha casa,
meu marido está doente e não pode retirar o barro então eu mesma vou fazer
isto. Não quero ir para o aluguel social”, disse a moradora. Assim, como Rosemary,
vários moradores estão na mesma situação e também se recusam a sair de suas
casas. O prefeito Max Lemos alerta para que deixem suas residências e procurem
um abrigo seguro até que a prefeitura possa garantir uma moradia melhor. “Casa
nós devolvemos na medida do possível, mas a vida das pessoas não podemos
devolver. Estamos fazendo nossa parte e acolhendo a todos, mas precisamos da
colaboração dos moradores. Até agora não obtivemos nenhum registro de mortes e
esperamos continuar assim”, alertou Max. Há risco eminente de novos desmoronamentos
caso chova novamente na cidade.
Os moradores ribeirinhos do Rio Camorim,
bairro Valdariosa que estavam relutantes em deixar suas residências, atenderam
ao apelo do prefeito Max Lemos no último sábado e estão se retirando para o
aluguel social, no aguardo das novas moradias que ficam prontas em no máximo
seis meses no mesmo bairro. “Aqui, neste bairro foi preciso quase perder a vida
para que saíssem. A Secretaria Municipal de Habitação Já havia cadastrado
vários moradores, mas alguns ainda relutavam”, lembrou o prefeito. O novo
cadastro foi realizado na sexta.
Duas mil pessoas atendidas
A Secretaria Municipal de
Assistência Social já distribuiu duas mil cestas básicas e kits de higiene e
limpeza, além de colchonetes, roupas e sapatos. O Estado disponibilizou mais 500 cestas
básicas e kits para a população afetada pelos estragos das chuvas. Segundo o secretário municipal Elton Teixeira,
a cidade está realizando um sumário social. “Estamos gratos com a ajuda do Estado
e de todos os mais de 80 voluntários que já se revezaram por aqui. São amigos,
funcionários e até moradores de outras cidades. Também estamos aproveitando
este momento para cadastrar estas famílias nos programas sociais do governo
federal através de um sumário social”, observou o secretário. As chuvas da
última quinta-feira (6) atingiu 21 dos bairros periféricos da cidade, inclusive
o Centro, no entanto, os bairros mais afetados foram Santa Rosa, Vila Coimbra,
Granja Alzira, Vila Central, Valdariosa, parte do Inconfidência, Tricampeão e parte
do São Roque.
Números da chuva:
340 alagamentos (não há mais
locais alagados)
4 deslizamentos
4 quedas de muros
2 quedas de Lages
1.320 desalojados (no
momento apenas 41)
6 pessoas no abrigo
municipal
72 desabrigados
2 mil pessoas atendidas
1200 caminhões de entulhos
foram retirados.
Dados apurados até este domingo, 08/12/2013, às 15h.
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