Texto: Felipe Carvalho / Fotos: Luiz Ambrósio
A troca de moradia pode ser um problema para
a maioria das pessoas, mas para cerca de 110 famílias que viviam às margens do
Rio Abel em Queimados, foi uma solução. Isso porque através de uma operação
realizada pela Prefeitura no mês de maio de 2013, os ribeirinhos deixaram de
viver em condições insalubres para morar em uma residência digna através do
aluguel social financiado pelo governo municipal. No segundo semestre de 2014, as
famílias serão encaminhadas para as unidades habitacionais do Bairro Jardim da
Fonte, cujos apartamentos contam com dois quartos, sala, cozinha e até área de
serviço. A obra de canalização do Rio Abel evitou que o estrago causado pelas
chuvas fosse ainda maior na cidade e graças a ação de reassentamento, as famílias
não perderam bens e nem vidas, por conta das estruturas precárias que
apresentavam as casas que foram demolidas.
As obras do Rio Abel custaram R$ 36,2
milhões, e o investimento incluiu ainda revitalização e arborização das
margens, instalação de ciclovia, pista de corrida e pontes de acesso. Além do
Centro, o Rio Abel corta sete bairros na cidade: São Roque, Vila Pacaembu,
Santa Eugênia, Valdariosa, São Miguel, Eldorado e Vila Coimbra. Ao todo, seis
pontes foram construídas com o objetivo de facilitar o trânsito de pedestres e
de veículos entre os bairros. O Rio Abel, que é uma das principais saídas da
rede de esgoto de milhares de casas da cidade, deságua no Rio Camorim. A
canalização consistiu na limpeza dos trechos de erosão e colocação de muros de
gabião, que são contenções feitas com pedras envolvidas por gaiolas de metal e
na concretagem de uma extensão de 1.800 m das encostas do rio e a construção de
uma ciclovia de 2,4 quilômetros.
De acordo com o Prefeito Max Lemos, o Rio
Abel foi alargado como
forma de prevenção ao risco de enchentes. “A
intervenção trouxe melhoria na vazão das águas fluviais e as ações preventivas foram
primordiais para evitar alagamentos e futuros problemas com enchentes. Se não
tivéssemos iniciado as obras de canalização do Rio Abel, a chuva que assolou a
cidade poderia ter causado um estrago ainda maior, a começar pela população
ribeirinha que teria suas residências atingidas. Antes de canalizar o Rio Abel,
realizamos a dragagem dele e retiramos uma incrível quantidade de lixo. Até
sofá encontramos. Pedimos à população que nos ajude nesta empreitada de manter
os nossos rios limpos, porque isso é fundamental para reduzirmos as chances de
novas enchentes”, destacou Max.
Maria Regina de Oliveira, 61, morava há 30
anos na beira do Rio Abel em uma casa pequena, que aglomerava toda a família:
filhos, netos e sobrinhos, totalizando 20 pessoas. Ela conta que quando chovia
forte sempre entrava água na sua antiga residência. “Sabíamos que seria difícil,
abandonar um lar, onde vivíamos há anos. Mas ao mesmo tempo, entendemos que
nossas condições eram precárias, dormíamos todos espremidos. Sempre quando
chovia nossa casa era afetada e ficávamos com medo de acontecer o pior. Se nós
estivéssemos dentro da antiga casa, penso que poderíamos não só ter perdido
bens, mas principalmente vidas, porque a construção precária não iria resistir
a maior chuva da história da cidade. Graças a Deus fomos encaminhados para o
aluguel social antes de a tragédia acontecer” afirmou Maria Regina.
Engenheiro
confirma: “Se não fosse a obra, centro da cidade ficaria inundado”
Segundo o engenheiro civil responsável pela
obra, Saulo Rahal, o trabalho de canalização do Rio Abel foi fundamental para
evitar a inundação da região central do município. “A partir do momento que
fizemos as contenções laterais e redimensionamos o canal, permitimos o
escoamento de uma vazão maior de água, possibilitando a redução de novas
enchentes a montante do canal. Paralelamente a isso, colocamos muros de gabiões
dentro do canal com cinco metros de altura e uma largura de 11 metros,
possibilitando o escoamento da água da região central da cidade. O Canal tinha
em média antes da realização da obra, quatro metros de largura. Aumentamos em 7
metros. Se não tivesse essa obra, a região central da cidade ficaria embaixo d’
água. Vale lembrar que choveu 113 milímetros em quatro horas, o equivalente a
quantidade de água de todo mês de janeiro de 2012”, recordou o engenheiro.
Outros
rios do município serão desassoreados
O governo federal liberou, para o Estado do
Rio de Janeiro, R$ 10 milhões que serão aplicados em ações emergenciais nos
nove municípios da Baixada Fluminense fortemente atingidos pelas chuvas na
semana passada. O anúncio foi feito pelo vice-governador e coordenador de
Infraestrutura do Estado, Luiz Fernando Pezão, depois da reunião realizada na
última terça-feira, 17, em Brasília, com os ministros da Casa Civil, Gleisi
Hoffmann, do Planejamento, Miriam Belchior, e da Integração Nacional, Francisco
Teixeira, além do secretário nacional da Defesa Civil, general Adriano Pereira
Júnior. Em Queimados, a verba que será repassada pelo Ministério da Integração
nacional será utilizada para o desassoreamento
dos rios Queimados, Poços e Abel com o objetivo de evitar o acúmulo de
entulhos dos leitos dos rios dando um fluxo livre às águas.
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