Caminhada de 2013 reuniu mais de 2 mil pessoas |
Dine Estela: Para
destacar os nove anos de perdas e danos das famílias que ficaram sem os entes
queridos, em sua maioria, jovens e estudantes que foram mortos brutalmente por
policiais militares pelas ruas das cidades de Queimados e Nova Iguaçu em 2005, totalizando
29 mortes, a igreja católica irá organizar mais uma grande caminhada pela paz e
missas em memória destas vítimas. O evento será realizado no próximo sábado,
29, às 18h, na Igreja Nossa Senhora da Conceição (Avenida Marinho Hemetério de
Oliveira, s/n, Centro, em frente ao Cemitério Central). Depois da primeira missa
haverá a caminhada em direção a antiga Matriz que fica na Praça Nossa Senhora
da Conceição onde haverá outro ato penitencial. Fazem parte da organização do
evento, a IX Diocese de Nova Iguaçu, constituídas pelas paróquias Nossa Senhora
de Fátima, São Francisco, São João Batista e Nossa Senhora da Conceição.
Segundo o padre João Serra, da
Matriz de Nossa Senhora da Conceição, o ato não é somente para destacar a dor
dos parentes, mas para convencer a sociedade de que se precisa proteger mais os
indefesos. “A cada ano, as caminhadas ficam cada vez maiores e denotam como a
sociedade precisa cuidar mais da segurança pública”, observou o padre que já
está no Brasil há mais de 30 anos.
Eraldo Nilton participou da comissão de segurança e relembra as sentenças como uma vitória da sociedade |
O poder público será representado
pelo secretário de governo e vice presidente a ordem dos advogados do Brasil na
cidade, o Pastor Eraldo Nilton de Carvalho que também fez parte de uma comissão
que deu apoio a estas famílias. “Todos os envolvidos foram severamente punidos
e receberam penas centenárias, no entanto, sabemos que um preso ficará no
máximo uns 30 anos presos”, ressaltou o secretário.
A chacina da Baixada entrou para
história como um dos maiores crimes já acontecidos no estado do Rio de Janeiro.
Policiais militares percorreram de carro as ruas dos municípios de Queimados e
Nova Iguaçu, disparando contra pedestres e causando 29 mortos. Entre as vítimas
estão Renato de Azevedo, que estava com 30 anos, quando foi assassinado
brutalmente recebendo um tiro no rosto, na hora que fechava o portão de seu
lava-jato e Raphael Silva, que morreu aos 17 anos com um tiro na nuca, quando
voltava para casa de bicicleta.
Silvania Azevedo, 35, participa
todos os anos da missa e da caminhada pela paz. Ela falou sobre o sentimento
que guarda após 8 anos da morte do seu irmão Renato. “Não tem como descrever o
sentimento que fica. A saudade faz com que a dor só aumente. O tempo nunca vai
apagar ele do meu coração”, contou. A mãe de Raphael, Luciene Silva, 47,
representa as vítimas do município de Nova Iguaçu. Ela faz questão de
comparecer a atividade para homenagear o filho e pedir paz para as pessoas.
“Participo todos os anos da missa pela paz, que serve para as pessoas não
esquecerem o que aconteceu e para mostrar que juntos podemos transformar nossa
realidade”, afirmou.
Todos os acusados já foram julgados e condenados
Depois de quatro anos de julgamentos e recursos,
enfim na madrugada de quarta-feira (16/09/2009) terminou o julgamento dos
policiais militares Júlio César Amaral de Paula, Marcos Siqueira Costa e Ivonei
de Souza, os últimos acusados de participação na Chacina da
Baixada que restavam a ser julgados.
Amaral e Siqueira foram condenados por 29 homicídios
qualificados, uma tentativa de homicídio e formação de quadrilha, recebendo
penas de 480 e 542 anos de prisão, respectivamente, sem direito a recorrer em
liberdade. A juíza Elizabeth Machado Louro, titular da 4ª Vara Criminal e
presidente do Tribunal do Júri de Nova Iguaçu na época, incluiu a perda de
cargo público dos dois condenados na sentença, por entender que o afastamento
da PM havia sido comunicado de forma imprópria e vaga à Justiça pela polícia.
O terceiro acusado, o cabo Ivonei, apesar de ter
vários antecedentes e indícios de participação em grupo de extermínio na
Baixada, teve sua absolvição pedida pelo, próprio MP, por não terem se
produzido provas que o ligassem ao restante do grupo, formado por Amaral,
Siqueira, e outros três já condenados, os policiais Carvalho, Felipe e Fabiano,
além do sargento Gilmar Simão, que foi beneficiado pela delação premiada mas
acabou assassinado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
deixe aqui seu comentário sobre esta notícia.