Trabalhar, casar, morar sozinho ou simplesmente ser livre. Esta
é a realidade dos mais de mil pacientes assistidos pelo Programa de Assistência
Psicossocial de Queimados, na Baixada Fluminense. Este trabalho é fruto do
Movimento Nacional de luta antimanicomial que comemora no próximo dia 18 de
maio mais de 30 anos de existência. Durante esta “Semana da Reforma
Psiquiátrica”, várias cidades estão realizando seminários e palestras sobre o
assunto que ainda é tratado com muito preconceito no país. Em Queimados, o dia
escolhido foi esta sexta-feira (16) e contou com a participação de técnicos e
vários usuários que relataram suas experiências no Programa.
O senhor André Luiz Gomes, 62, paciente do CAPS (Centro de
Queimados) há 10 anos, contou que depois que passou a fazer parte do Programa,
conseguiu até retornar ao mercado de trabalho. “Eu me sentia um prisioneiro no
hospital, vivia sedado e sem atividades físicas, agora vivo minha vida
livremente e até voltei ao mercado de trabalho. Sou uma pessoa feliz”, contou.
O senhor Ivanildo Fernandes, 42, conseguiu se casar. Sua felicidade foi
relatada no seminário: “Eu morava num barraco sem nada dentro. Hoje tenho minha
casa montadinha e até uma esposa há dois anos. Estou muito satisfeito com o
trabalho do CAPS”, contou.
A Secretária de Saúde, Dr. Fátima Cristina explicou que a
cidade está caminhando para o seu CAPS III que visa oferecer leitos para que os
pacientes possam ficar até controlar a crise. “Temos este trabalho pactuado com
o Governo Federal e Estadual para que os pacientes mais graves tenham um leito
para controlar a crise e voltar para casa. Estamos na luta por mais recursos”,
explicou a secretária.
Tratamento dentro do município
Atualmente os pacientes podem ficar no CAPS durante o dia e
participar de atividades como oficinas de pintura, dança, artes plásticas,
entre outras, que além de atuarem como terapia ocupacional, também geram renda
familiar, “este programa é uma benção, porque conseguimos tratar nossos
pacientes na própria cidade”, informou a coordenadora geral do Programa De
Saúde Mental de Queimados, Tânia Oliveira. A cidade conta com duas
residências terapêuticas, um CAPS II, um CAPASI , um Núcleo AD
( Álcool e drogas ) e Ambulatório de Saúde Mental adulto e infantil
que atendem a mais de 1 mil pessoas por mês.
O evento contou com a participação de técnicos e militantes como Iracema Polidório (Presidente da APACOJUM – Associação de Saúde Mental Juliano Moreira) e Mônica Fornazier - apoiadora Institucional da Região Metropolitana I, representando a Coordenação Estadual de Saúde Mental que levaram cases de sucesso e novos dados sobre a luta antimanicomial em outros municípios para a troca de experiência.
A Reforma Psiquiátrica oferece um acompanhamento que preconiza a
ressocialização do cidadão, explicou Mônica Fornazier. “O programa de Rede
conta com várias formas de acolhimento de caráter transitório com estratégias
de desinstitucionalização, e nos casos mais graves de internação, que tenha um
acompanhamento através de um programa porque não adianta internar se não tiver
um tratamento psicossocial”, alertou.
A assertiva é
abalizada pela militante e uma das precursoras do Programa de Atenção
Psicossocial Iracema Polidório que está nesta luta há mais de 50 anos. “Minha
luta começou quando tive uma tia internada e vivi o sofrimento dela e de outros
pacientes que eram abandonados em colônias. Esta ressocialização é fundamental
até para a família que também adoece junto com o paciente”, observou.
Texto e fotos: Dine Estela
Assessoria de
imprensa | PMQ
2665-1269/3778
Subsecretário e
coordenador de jornalismo Ailton Tinho
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