De pai para filho: amor pelo campo vem de berço em Queimados

De geração em geração, agricultores dão continuidade à vocação familiar e fazem do trabalho rural um estilo de vida

Marina Mendes - Corda, facão, arame e a enxada. Foi aos poucos que esses instrumentos agrícolas se tornaram ferramentas no dia a dia de Rodrigo Jesus da Silva Bispo, de 29 anos. Nascido e criado numa família de agricultores, no bairro Santo Expedito, em Queimados, o proprietário rural tem no seu pai espelho e exemplo de vida. Há 8 anos trabalhando na roça, o compromisso com as terras da família passou de mão e mão e, hoje, atravessa gerações.

Filho do Seu Everaldo, de 54 anos, Rodrigo sempre viu de perto o trabalho do pai com as raízes e com a criação de gado. Da infância à vida adulta, a rotina ia se alterando e os trabalhos nas plantações e periódicas colheitas ainda se mantinham, mesmo quando estava empregado no mercado de trabalho do meio urbano.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente 30% dos agricultores chegam na segunda geração de trabalho, e apenas 5% resistem até a terceira. Everaldo e Rodrigo é um dos casos que distorcem desse quadro, que ilustra o cenário da sucessão familiar agrícola.

“É natural ver nos dias de hoje que os filhos vão para a cidade e os sítios e tradições se acabam, isso acontece por conta da falta de política pública dentro do ramo rural. Mas eu percebi que precisava assumir isso aqui, não dava mais para o meu pai ficar sozinho com uma enxada na mão. Foi por isso que eu decidi me dedicar e sobreviver dessa terra, apesar de todas as dificuldades”, conta Rodrigo, que recentemente participou do curso de empreendedorismo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), em parceria com a Prefeitura de Queimados.

Sobre a decisão do filho, Seu Everaldo afirma a satisfação. “Meu avô, meu pai, eu e agora meu filho decidimos viver da agricultura. Hoje nós plantamos aqui aipim, jiló, quiabo, banana, laranja, mamão, milho, e temos crescido. Fiquei muito feliz quando ele tomou essa decisão”, conta o agricultor.

Com 4 hectares de território e 600kg de mercadoria escoada por mês, toda a família ajuda no processo de plantio, colheita e comércio dos produtos. “A gente foi criado nesse ramo, já vem de geração em geração, nós só seguimos os passos. Os dois lados da família são de agricultores”, conta a irmã de Rodrigo, Juciara de Jesus, de 32 anos.

Oficinas e assistência técnica para os agricultores

Assim como os Jesus Bispo, outras famílias têm fortalecido o movimento rural dentro de Queimados. Através do apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, são oferecidas oficinas de capacitação e assistência técnica como preparo do solo, além da Feira da Roça do município, que auxilia no escoamento de produtos, e a presença do apoio técnico da EMATER-RJ e do Conselho Municipal da Agricultura.

Para os agricultores interessados em ter suporte, com visitas semanais ou mensais em suas propriedades no município, é necessário ir até a sede da Secretaria, que fica na Rua Francisco Gabriel S/N, no bairro Vila Camorim. O expediente é das 8h às 17h e o  telefone para contato é (21) 2779-8484.