sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Queimados elabora diagnóstico sobre o perfil dos moradores em situação de rua

Pesquisa realizada pelo Centro Especializado de Assistência Social aponta uso de substâncias psicoativas, conflitos familiares e transtorno mental como principais causas do fenômeno

Marina Mendes - Quem transita todos os dias pelos grandes centros urbanos, sem dúvidas já cruzou com um morador em situação de rua. Seja embaixo de um viaduto, deitados em alguma calçada, ou revirando os lixos para quem sabe encontrar o que comer, essa parte da população segue na luta diária pela sobrevivência.  Pensando nisso, a Prefeitura de Queimados, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, realiza abordagens, entrevistas e acompanhamentos sistemáticos com esses moradores, que neste caso, se concentram nas praças da cidade. 
O trabalho se baseia em entender os motivos desses cidadãos em estarem nas ruas e está sendo realizado pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Com respeito aos princípios dos Direitos Humanos, o órgão realiza o encaminhamento dos indivíduos para serem atendidos pela rede pública.

Chamados de mendigos, marginais, sujos, fracassados e viciados, os moradores em situação de rua são alvos constantes de preconceito e discriminação. Ao reconhecer a necessidade de conhecer o perfil dessa população na cidade, o CREAS realizou uma pesquisa minuciosa com os prontuários de moradores cadastrados na rede pública de 2007 a novembro de 2018, que tem como objetivo analisar e categorizar as motivações para essas pessoas estarem nas ruas. A ideia é que o estudo esteja finalizado até o fim deste ano, para ser apresentado no primeiro semestre de 2019.
Foi identificado parcialmente que 80% dessa população é do gênero masculino, 49,2% tem entre 30 e 45 anos e apenas 10% não possui renda, moradia ou vínculos familiares. Neste sentido, a pesquisa mostrou que a imensa maioria que está em situação de rua em Queimados possui casa, ou seja, estão nas ruas periodicamente por conta de conflitos com a família, por uso de álcool e drogas, ou transtornos mentais, como esquizofrenia, depressão, etc. Além disso, os migrantes, como são chamados àqueles que vem de outros munícipios, também foram analisados, sendo 26,6% dos casos.
Além do CREAS, outros órgãos municipais atuam no cuidado com essas pessoas. São feitas ações articuladas com o NAD (Núcleo Álcool e Outras Drogas) e o CAPS II (Centro de Atenção Psicossocial), equipamentos do Sistema Único de Saúde (SUS).





Segundo o Coordenador do CREAS de Queimados e responsável pelo recolhimento dos dados dessa pesquisa dentro do município, Thiago Schubert, é essencial pensar na especificidade de cada uma dessas motivações para estar na rua, uma vez que elas definem qual é a forma de tratamento e acolhimento ideal para cada caso.

“Quando a gente pensa nos motivos, é possível entender o que levou aquele sujeito à situação de rua e percebemos, com os dados da pesquisa, que a grande maioria está relacionada à saúde mental, estendendo o transtorno juntamente com o uso das substâncias psicoativas.  Seja porque o pai ou a mãe não tolera o uso, e por isso, o indivíduo sai de casa, ou porque a própria família não consegue manter os cuidados e acaba colocando essa pessoa para fora de casa”, explica o coordenador.
Além disso, ele explica como funciona a maioria da rotina dos moradores em situação de rua em Queimados. “É interessante falar que muitas dessas pessoas que estão em situação de rua aqui passam grande parte do seu tempo trabalhando, catando papelão e material reciclável. Mas quando se inserem na categoria do transtorno mental, como a depressão, por exemplo, eles se entregam e deixam de comer ou até mesmo produzir”.
Diálogo aberto com toda a sociedade

O Secretário Municipal de Assistência Social, Elton Teixeira, afirma que é necessário um diálogo amplo no município para pensar as políticas públicas para essa população. “Precisamos construir coletivamente uma política que garanta os direitos fundamentais e gere condições básicas para a vida digna dessas pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social”, declarou o gestor.
Além das políticas para a população de rua, o CREAS também atua com trabalho voltado às famílias ou indivíduos que tenham vivenciado violações como violência física, psicológica, tráfico de pessoas, violência sexual, abandono, trabalho infantil, cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida e/ou de Prestação de Serviços à comunidade e discriminação em decorrência da orientação sexual, raça ou etnia, etc. Neste caso, as intervenções especializadas também podem se encaixar no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
O CREAS de Queimados fica na Estrada Pastor Antônio Martins, s/n, no bairro Nova Cidade. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, de 8h às 17h, com telefone para contato (21) 2663-2251. Quem quiser também pode entrar em contato pelo e-mail, através do creasqueimados@hotmail.com.

Um comentário:

  1. Excelente iniciativa , agora vamos tirar esse pessoal das ruas dando amparo , tratamento e reintegração na sociedade, parabéns a todos.

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