segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Fé, doutrina e tradição - Encontro de folias revela a perpetuação da fé divina

Texto: Dine Estela | Fotos: Luiz Ambrosio

O 13º encontro de folias que aconteceu neste sábado, 11, no bairro Vila Guimarães em Queimados começou por volta das 21h e terminou ao meio dia de domingo, com a presença de sete folias de várias partes do Estado do Rio de Janeiro.  Mais de 2 mil pessoas acompanharam a cerimônia por mais de 15 horas. Reunindo fé, doutrina e tradição, o encontro revelou que as Folias de Reis chegaram para perpetuar a história dos três reis magos que foram em busca do Rei dos Judeus, Jesus, para presenteá-lo. A Secretaria Municipal de Cultura, ofereceu apoio cultural e técnico para o evento que serviu como um termômetro para o festival que o órgão prepara para o mês de janeiro de 2015.



O secretário de cultura, Marcelo Lessa, tem a árdua missão de resgatar antigas tradições culturais e começou com o campeonato nacional de Quadrilhas juninas em junho deste ano que recebeu mais de 20 quadrilhas de várias partes do país e agora sua próxima empreitada será resgatar as folias de reis. “São tradições culturais do nosso povo e que precisamos manter vivas para que as futuras gerações tenham sempre em mente, a história do seu povo e de seu país. Tenho esta missão dada pelo prefeito Max Lemos e estou lutando para cumprir à risca”, disse.

 Um dos diretores da Folia Boas Novas de Belém, anfitriã da festa, Thiago Mauro, ficou muito feliz com o resultado do evento. “Realizamos este evento há 12 anos e a cada ano, a festa fica ainda maior com um público cativo que acompanha as folias”, contou. Este ano, prestigiaram o evento as folias: Bandeira Estrela da Guia - Vassouras, Estrela do Oriente – Nova Iguaçu, Sempre Viva do Oriente – Mesquita, Irmandade Estrela Luminosa – Vila de Cava, NI, Flor do Oriente – Caxias e Manjedoura de Belém do bairro Ponte Preta – Queimados.

 De pai para filho

Kauã Lucas, de 1 ano e seis meses, é filho do palhaço Lucas Eduardo e já dá seus primeiros passinhos na mesma direção. O menino acompanhado de sua mãe Renata Almeida vai a todas as andanças da folia de reis Boas Novas de Belém de Queimados, mas ainda não colocou roupinha, conta a  mãe. “Ele vive querendo vestir a máscara do pai, sem o menor medo das caretas, mas não coloquei roupinha nele ainda. Acho que é muito pequeno para esta missão”, conta. O mesmo caminho seguiu Yuri Tomás, 16 anos, campeão olímpico estadual que está na folia desde os oito anos. Ele é filho  do palhaço André Tomás e tem a mesma função na Folia Boas Novas de Belém. 

Para seguir uma folia de reis não basta querer, é preciso compromisso, respeito e principalmente muita fé, conta o presidente Nego. “Geralmente quem segue uma folia está cumprindo alguma promessa atendida ou a tradição familiar como uma missão que passa de geração para geração. Algo que não pode ser quebrado de qualquer maneira”, explica. Diz a lenda que o palhaço que abandona uma folia de qualquer maneira pode até morrer pelo caminho. “Mito ou realidade, ninguém quer pagar para ver”, acrescentou. O único requisito para seguir uma folia é que a criança seja batizada.


Cerimônia do encontro

 Receber uma folia de Reis não é uma tarefa simples. É preciso alimentar os foliões, preparar a casa e toda a cerimônia que leva em média umas três horas. Ao chegarem há toda uma cantoria que abençoa o anfitrião  com  a bandeira que deve ser levada ao altar preparado pelo dono da casa. Depois tem a apresentação dos palhaços na rua. Estes só entram na casa com a autorização do dono e não podem sentar à mesa para um jantar que remete à última ceia de Cristo. Neste 13º encontro, a folia de Reis anfitriã gastou nada menos que 250 kg de alimentos para recepcionar as folias e seus seguidores, em torno de 2 mil pessoas. Segundo o diretor Thiago Mauro este foi o maior público de todos os anos. 

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