Professora aproveitou apuração do Ministério Público Federal do Paraná para ensinar importância dos nutrientes da carne aos alunos. Docente tem currículo de conquistas e até obra literária
Dine Estela - A operação carne fraca deflagrada pela Polícia Federal para investigar irregularidades na fiscalização de vários frigoríficos no Brasil foi motivo de inspiração para a professora Mytse Andrea Sales de Melo, de 37 anos, que leciona na Escola Municipal Joaquim de Freitas, localizada no bairro Vila São João, em Queimados, desenvolver com seus alunos o projeto “operação carne forte: estudo dos nutrientes a partir da carne”. A iniciativa pedagógica foi inscrita em três prêmios de excelência educacional: Professores do Brasil, Educação Científica e Professores Nota 10 e os resultados serão divulgados no segundo semestre.
A educadora queimadense, que carrega no currículo o segundo lugar no prêmio de Educação Científica do Rio de Janeiro no ano passado e o mais recente terceiro lugar no concurso Nacional de Ensino de Bioquímica e Biologia Molecular - Bayardo Baptista Torres, na categoria - Práticas do Ensino, ambos pelo projeto de Investigação Científica, que transformou a sala de aula em um laboratório de análise criminal para apurar a suspeita de que uma grande produtora de leite estaria adulterando o produto, aproveitou a investigação de grande repercussão do Ministério Público Federal do Paraná, principalmente sobre a possibilidade de ter papelão na carne, para ensinar a importância dos nutrientes aos estudantes.
Na aula sobre as vitaminas, por exemplo, a professora utilizou a reportagem que falava sobre o uso da vitamina C para mascarar a carne estragada. “Eles fizeram aula prática de identificação de vitamina C em carnes e outros alimentos. Dessa forma, os outros nutrientes (proteínas, carboidratos, sais e lipídios) foram apresentados. Sempre com pano de fundo a operação carne fraca. Estamos finalizando esta semana com a elaboração do "dossiê" (cartazes) da nossa operação carne forte”, explicou a docente, que desenvolve o projeto com estudantes do segundo segmento do Ensino Fundamental da rede pública municipal de Queimados.
Mytse é mestre em formação científica para professores pela UFRJ e professora de biologia também na rede estadual. No dia 31 de julho, ela receberá o prêmio do concurso Nacional de Ensino de Bioquímica e Biologia Molecular em Águas de Lindóia, São Paulo. O projeto de Investigação Científica em Sala de Aula fez tanto sucesso que Mytse resolveu registrar a história em livro. O material contém 15 perícias, ou melhor, aulas práticas de Ciências, conteúdo exigido para a conclusão do curso de Mestrado Profissional em Educação Científica para professores de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/PROFBIO).
Alunos melhoram rendimentos
Estudante do oitavo ano da Escola Municipal Joaquim de Freitas, Flávio Rafael Ribeiro, de 14 anos, levou a disciplina de Ciências para o cotidiano. Agora acompanha o pai na compra de carnes. “Quando chego no açougue já fico desconfiado quando vejo carnes muito vermelhas e corro para fazer os testes que a professora ensinou. Faço a mistura do iodo com o amido e jogo na carne, se ela ficar preta muito rápida é que não contém vitamina C”, explicou.
Já a aluna Daniele Vitória Ribeiro, de 12 anos, da mesma classe, não abre mão de testar o leite e o suco natural antes de ingerir, aprendizado que obteve no primeiro projeto desenvolvido pela educadora antes do carne forte. “Toda vez que minha mãe compra leite ou suco natural, faço o teste antes para ver se tem amido ou vitamina C. Acho muito mais fácil aprender assim. Minhas notas melhoraram muito com estas aulas práticas”, analisou.
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