Oficinas de tranças e turbantes, desfile de moda, arte na telha, capoeira e até feijoada fizeram parte da programação, promovida por estudantes da
Escola Municipal Professor Leopoldo Machado
Fotos Tiago Loureiro PMQ/SEMCOM |
André Uchôa - A noite desta terça-feira (19) foi repleta de muita cultura e africanidade na Escola Municipal Professor Leopoldo Machado, em Queimados, na Baixada Fluminense. Com o objetivo de refletir sobre a importância do negro na formação do país, mais de 300 alunos do 1º ao 9º da Educação de Jovens e Adultos (EJA) realizaram a culminância do projeto “EJA Preta”.
Orientados pelos professores, os estudantes desenvolveram durante o ano letivo atividades interdisciplinares que fizessem um resgate das origens históricas e culturais do povo negro e sua relevância para a sociedade brasileira, que segundo o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) tem 55,8% de sua população formada por negros.
“É dentro da sala de aula que devemos começar esse debate sobre o respeito e empoderar a representatividade negra. Realizar esse projeto foi muito importante para o processo educativo dos nossos alunos, pois tratou-se da inclusão dos estudantes que são negros e do enfrentamento ao racismo”, afirma o diretor da unidade, Manoel dos Santos.
Com uma mega produção dos alunos, a quadra da unidade foi decorada com objetos que representassem a população negra. As pesquisas em sala de aula resultaram em atrações como oficinas de tranças e turbantes, arte na telha, confecção de bonecas Abayomi - símbolo da resistência do movimento - , além de apresentações de brincadeiras africanas, distribuição de feijoada e, claro, da capoeira realizada pelo grupo Raízes.
Segundo a Orientadora Pedagógica, Kelly de Souza, é preciso que a escola enfrente o racismo. “Estamos trabalhando isso em sala de aula durante todo ano, desconstruindo imagens preconceituosas que infelizmente ainda existem. A EJA Preta tem por objetivo não só cumprir a lei 10.639 (que estabelece a obrigatoriedade do ensino de "história e cultura afro-brasileira" dentro das disciplinas que já fazem parte das grades curriculares dos ensinos fundamental e médio), mas realmente gerar um postura diferenciada no que diz respeito ao racismo e diferenças culturais, de gênero e religiosa. Afinal, a Consciência Negra deve ser comemorada todos os dias” , declarou a educadora.
REPRESENTATIVIDADE NO TAPETE VERMELHO
Ao som de muitos aplausos e assovios da plateia - formada por colegas de classes e funcionários da unidade - alguns alunos fizeram questão de desfilar pelo tapete vermelho e destacar a representatividade negra. Com muita animação, os ‘modelos’ capricharam em vestimentas e adereços coloridos, como lenços e turbantes, e foram recebidos com muito carinho pelo público.
Aluna do 9º ano, Ana Beatriz do Nascimento (17) destaca a importância do evento na unidade. “É uma iniciativa bacana, nas outras escolas que estudei nunca teve momentos assim. Esse dia (20 de novembro) significa muito para mim, pois a patriarca da minha família, que a faleceu há pouco tempo, sempre frisou que não devemos ter vergonha da nossa cor e lutar pelos seus direitos”, concluiu a jovem moradora do bairro Coqueiros.
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