Reconhecimento: Professora da rede municipal de Queimados receberá Prêmio Paulo Freire

Desenvolvido com alunos da rede pública, projeto da docente combateu fake news sobre vacinação contra o sarampo

IMG Igor Lima/PMQ-SEMCOM

André Uchôa - O retorno de casos de sarampo ao Brasil e a proliferação veloz de notícias falsas sobre a vacinação contra a doença chamaram a atenção da Professora de Biologia Mytse Andréa, que leciona na E.M. Professora Scintilla Exel, em Queimados. Para dar fim às “fake news” que ganharam as redes sociais, a profissional desenvolveu, junto aos alunos do 7º ano da unidade escolar, o projeto “É vacinal influencer que se fala, né?”. A ação deu tão certo que a educadora receberá, da Comissão de Educação da Alerj, o prêmio Paulo Freire na categoria experiência com alunos do Ensino Fundamental. A cerimônia de entrega acontece nesta quinta-feira (14), no Salão do Instituto de Filosofia, História e Ciência Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Largo São Francisco de Paula, nº 1 - Centro), a partir das 18h.

Ao começar a pesquisar sobre o tema, a professora percebeu que os boatos mentirosos, principalmente nas redes sociais, influenciavam a população (o índice de vacinação caiu consideravelmente em todo o país). Com o surto da doença antes erradicada no Brasil, a turma encarou um grande desafio para disseminar a importância da vacinação. Os alunos foram às salas de aulas da escola, às ruas dos bairros e, principalmente, às redes sociais. Juntos, obtiveram resultados positivos.

Após trabalhar o assunto com toda comunidade escolar através de gincanas e oficinas participativas, a grande aposta do projeto foi criar um perfil nas redes sociais (@tovacinado.scintilla) para sensibilizar e influenciar a população durante a Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, realizada em outubro deste ano.

“O Brasil já tinha recebido um certificado da Organização Mundial da Saúde sobre a erradicação de algumas doenças, principalmente do sarampo. E sabendo o principal motivo, resolvi criar junto aos alunos um movimento a favor da vacinação. O meio escolhido para trabalhar o assunto foi as redes sociais, nas quais eles já estão inseridos. Por isso o nome do projeto”, conta a professora.

Reconhecimento

Admiradora do trabalho desenvolvido pelo patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire, a mestre em educação científica afirma que o prêmio é a certeza que está no caminho de uma educação libertadora. “O prêmio carrega o nome de um renomado educador brasileiro e recebê-lo é um privilégio indescritível. Estou me sentido realizada como docente e devo isso aos meus alunos que foram protagonistas de todo esse projeto”, frisou a educadora.

Neste ano, durante a festa em comemoração ao Dia do Professor, Mytse venceu o concurso Professor Alberto Pirro, promovido pela Secretaria Municipal de Educação de Queimados. A iniciativa premia as melhoras práticas pedagógicas em sala de aula e concedeu ao projeto o primeiro lugar na categoria experiência com alunos do Ensino Fundamental.

Educadora há 22 anos, Mytse carrega no currículo o segundo lugar do prêmio de Educação Científica da Shell no Rio de Janeiro (2016) e o terceiro lugar no concurso Nacional de Ensino de Bioquímica e Biologia Molecular  - Bayardo Baptista Torres na categoria - Práticas do Ensino (2017). Ambos foram concedidos graças ao projeto de ‘Investigação Científica’, que transformou a sala de aula em um laboratório de análise criminal - a partir da operação “Leite Compensado” da Policia Federal - para apurar a suspeita de que uma grande produtora de leite estaria adulterando seus produtos.