quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Em busca da reconstrução familiar


 Prestes a completar 12 anos, Abrigo Municipal de Queimados já assistiu mais de 700 crianças e adolescentes desde sua fundação

Marina Mendes - Todo mundo já ouviu falar de crianças e adolescentes que moram em abrigos, mas pouco se sabe sobre suas vidas e as razões de terem deixado suas casas. Dentro dessa realidade, o Abrigo Municipal de Queimados está prestes a completar 12 anos de acolhimentos, sendo verdadeiramente um refúgio para centenas de vidas que foram marcadas por momentos de dor, medo ou abandono. Por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, a instituição reúne uma equipe de 27 profissionais e 16 crianças acolhidas, cada uma com a sua história.


A principal função do Abrigo, que já recebeu cerca de 784 crianças e adolescentes desde sua fundação, é restabelecer os vínculos entre a criança que teve seus direitos violados e a família de origem. Ao contrário do que o senso comum pode fazer acreditar, o objetivo é devolver a criança o mais breve possível ao lar. Com apenas 10% dos acolhidos sendo realmente órfãos, essa assistência visa adaptar a família a viver de forma adequada. A moradia, que tem caráter excepcional e provisório, inclui o direito do abrigado manter relação com seus familiares sob condições que variam caso a caso.  

Para o Secretário Municipal de Assistência Social, Elton Teixeira, é de suma importância o papel que o abrigo exerce. “Queimados se destaca na assistência aos menores e adolescentes e conta com uma das melhores estruturas da região. É essencial esse apoio municipal a essas crianças que de alguma forma tiveram seus direitos violados”, afirmou o gestor.

Dentre os 27 funcionários, encontramos assistente social, psicóloga, pedagoga, técnica de enfermagem, cuidadores, auxiliares, etc. A Coordenadora do Abrigo, Júlia Pessoa, explica que além dos cuidados no local, há interação não só com esses profissionais, redes escolares e de saúde física e mental, mas também com a comunidade ao redor.

“Algumas igrejas, grupos de adolescentes e vizinhos acessam a instituição e a gente encaixa isso na rotina deles. Dias de recreação e lazer, passeios, idas à vila olímpica e zoológico também acontecem. Preservamos o direito à convivência comunitária”, declarou.

Já os cuidados de saúde ficam por conta de Margareth Caetano, que trabalha no local desde a inauguração. “Minha missão é avaliar se precisam ir ao médico, ou seja, um acompanhamento externo. Além de cuidar do controle de medicamentos e intercorrências leves, nós fazemos os cuidados aqui mesmo”, contou. “Estar aqui é aprender um pouco a cada dia”, complementou a enfermeira.

E para que o acolhimento seja o mais semelhante possível ao da rotina familiar, a instituição se tornou um verdadeiro lar. Com uma estrutura bem parecida a uma residência, o local tem sala de TV com diversas opções de filmes e desenhos para assistir, além de um grande quintal para as crianças brincarem.

Com um número reduzido de assistidos, é possível que se preste mais atenção às características individuais e às especificidades de cada um, como explica a cuidadora Thamires Silva.

“O cuidar é a melhor forma de fazer isso realmente ser efetivo. Às vezes é tão próximo que é difícil desvencilhar, mas depois nos sentimos extremamente gratos por estarmos colaborando para combater todos os esses traumas”, conta.

A pedagoga Maria Aparecida Freire também é uma das profissionais que fazem parte da equipe de apoio do abrigo. Professora da Rede Municipal, ela faz atividades para eliminar o déficit da educação dos abrigados, como o reforço escolar, atividades de leitura, pintura, jogos matemáticos, mas de uma forma recreativa. Separando-os por idade, a pedagoga explica que uma de suas atribuições é realizar exercícios de convivência.

“A maioria chega aqui desprovido de conceitos de bom comportamento. E conforme nós vamos trabalhando isso, eles vão evoluindo e se adaptando. O aprendizado é aos poucos, e isso torna tudo mais gratificante”, conta.

Para doações

As crianças e adolescentes são encaminhados ao abrigo por meio do Conselho Tutelar e amparados pela Vara da Infância e Adolescência. Assim que chegam ao local, recebem atendimentos básicos de higiene e alimentação.


Com a adaptação gradual ao ambiente, são feitas avaliações psicossociais para que a equipe elabore um plano individual que supra as demandas do assistido. Apesar de todas as necessidades serem supridas pela Prefeitura Municipal de Queimados, a Instituição está aberta à doação de brinquedos, roupas, sapatos, etc. O Abrigo fica na Rua Maria Clara, s/n, no bairro Fanchem, com o telefone de contato: 2665-2722.

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