terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Luz na passarela que lá vem elas

Moradoras de Queimados representam a cidade em concursos de beleza e apostam no amor próprio como pré-requisito. Prefeitura oferece curso gratuito de modelos

Marina Mendes - Elas chegaram às passarelas para quebrar padrões. Sejam eles de beleza, sociais ou econômicos. Negras, moradoras de Queimados, na Baixada Fluminense, e de origem humilde, Cassiane Tavares e Joelma Alves são duas mulheres com histórias e experiências diferentes em concursos de beleza, mas com um grande ponto em comum: o amor próprio. 

Estudante de direito e cerimonialista, Cassiane Tavares tem 26 anos e começou a pensar em ser miss em 2014, quando participou do ‘Musa Negra de Queimados’ e ficou entre as finalistas. Ela conta que a partir do seu primeiro concurso, surgiram diversas oportunidades, entre elas o convite para o Miss RJ Turismo Latino, que existe desde 2007, e elege a candidata brasileira para o Miss Turismo Latino Internacional, que acontece anualmente no Equador.



A princípio, a estudante conta que teve um pouco de receio, mas em 2017, acabou levando seu sonho à frente. Hoje, Cassiane é a única candidata da Baixada Fluminense. “No início eu achei que não daria muito certo. Mas depois eu comecei a me envolver muito com isso, e acabei decidindo participar e concorrer pra valer. Minha meta é ganhar o Miss Turismo Latino Internacional, seria um privilégio”, declarou.

Nascida e criada no bairro Nova Cidade, Cassiane conta que depois de e
entrar no mundo dos desfiles e da beleza, sua forma de se portar diante das pessoas mudou, além da sua relação consigo mesma. “Eu era tímida e não sabia muito bem lidar com isso. Quando você se candidata a miss, é preciso ter simpatia, é necessário conhecer e falar sobre a causa pela qual você desfila, e isso me ajudou muito. Minha autoestima também mudou muito”.


Não muito longe de Cassiane, a professora de história Joelma Alves, de 31 anos, também constrói sua trajetória, mas como Miss Diva Brasil Plus Size. No último dia 10, Joelma foi 1° lugar no concurso, nas categorias elegante e tradicional, que aconteceu em Itaguaí, a nível Brasil.

Moradora do bairro Vila do Tinguá, Joelma nunca imaginava participar de um concurso de beleza. Aconselhada por uma maquiadora durante uma sessão de fotos, ela aderiu a ideia e foi atrás de sua nova meta. Representando a cidade de Queimados, ela conta que realmente a questão da autoestima é um ponto a ser citado. “Antigamente não existia concursos para enaltecer a beleza das mulheres acima do peso. Assim que comecei a entrar nesse mundo, melhorou 100% meu amor próprio. Na correria do dia a dia a gente não se sente tão bonita, hoje eu realmente me sinto verdadeiramente uma diva”, conta.

Sobre a existência de um concurso como esse na Baixada Fluminense, Joelma diz ser uma grande vitória para as mulheres acima do peso, negras e periféricas. “Eu não era a única negra, então sinto que mulheres como eu estão perdendo o medo de participar de eventos como esse. Depois do resultado, muitas me procuraram, me parabenizaram. Hoje eu sou feliz por ser essa mulher gorda e negra. Espero, do fundo do coração, que minha atitude e o concurso em si, sirva de incentivo para todas as mulheres”, concluiu.

Curso gratuito para modelos

O sonho de brilhar em uma passarela como a Cassiane e a Joelma pode estar mais perto do que você imagina. A Prefeitura de Queimados ofereceu ao longo de 2017, um curso gratuito para formação de novos modelos. As aulas aconteceram no Centro de Artes e Esportes Unificados Planeta Futuro, no bairro São Roque e abordaram temas como: postura na passarela, comunicação em público, cuidados com o cabelo, maquiagem e  dicas de etiqueta e boas maneiras. A formatura ocorreu no último sábado (16), com direito a um belo desfile e 52 alunos foram certificados. No ano que vem, a atividade será disponibilizada novamente com a abertura de matrículas a partir de fevereiro.

De acordo com o prefeito Carlos Vilela, que fez questão de parabenizar pessoalmente as modelos Cassiane e Joelma, o objetivo do curso de modelos não é apenas lançar talentos, mas também de integrar jovens que não teriam condições de pagar um curso desse tipo.  “Entendemos que além de ser uma ferramenta de socialização, a iniciativa pode colocar nossa juventude no mercado, seja nas passarelas mais famosas do mundo, em agências de modelos ou até mesmo em pequenas campanhas publicitárias realizadas pelo comércio local. As meninas estão de parabéns pela conquista, foi fruto de muito empenho e dedicação”, concluiu. 

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