Cantor foi a personalidade negra escolhida pelos
alunos em trabalho desenvolvido pela Secretaria de Educação com as escolas da
rede no segundo semestre
Fotos: Thiago Loureiro |
Marina Mendes - Os
versos eternizados pelo cantor e poeta Martinho da Vila, um dos ícones da Música
Popular Brasileira, soam como motivo de inspiração para estudantes da rede
pública municipal de Queimados a lutarem por mais igualdade racial e ressaltarem
o empoderamento negro. Através do projeto pedagógico “Personalidade Negra”,
desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação, os alunos da Escola Diva
Teixeira Martins, localizada no bairro da Pedreira, desenvolveram uma série de
atividades que retratam a história do artista que completa em 2018 seus 80 anos
de vida.
Os
alunos iniciaram o projeto em agosto, tendo como proposta principal o debate
sobre o preconceito racial e o resgate do empoderamento negro através das obras
do artista. Seja nas composições ou nos livros de Martinho, é indiscutível que
o sambista é uma grande referência para todos, sobretudo para as pessoas
negras. E foi pensando nisso, que a implementadora de leitura, a professora
Maria de Fátima, juntamente com a Diretora da escola Maria Aparecida,
decidiu que o artista seria a personalidade para ser pensada e trabalhada
durante o segundo semestre na escola.
“Ele
é a nossa personalidade porque sempre foi uma peça fundamental na luta pelo
empoderamento da raça negra. Ele correu atrás das suas origens, realizou um
trabalho maravilhoso em Angola na África, então eu queria que os alunos
soubessem, não só do cantor Martinho, mas também de toda a sua história. Temos
um sonho de quem sabe trazer ele aqui na escola. Quem sabe conseguimos
realizá-lo, seria o máximo”, almejou a professora.
E com
o lema “é devagar, devagarinho que a gente chega lá”, Maria de Fatima
conquistou e chamou atenção dos alunos com a história do artista. Apesar de ter
começado seu trabalho na escola na segunda parte do ano, a professora conseguiu
fazer diversas atividades, como oficinas de desenho, rodas para interpretação
das músicas na sala de aula e contagem de histórias com a temática dos negros.
Dentre os trabalhos realizados, o principal foi a leitura coletiva do livro
infantil ”A rainha da bateria”, de 2009.
A
obra de Martinho conta a história de
Maria Luisa, uma menina que mora perto de uma quadra de escola de samba e gosta
de música brasileira. Depois da morte do pai, ela sonha que seu pai a leva até
um ensaio e resolve querer conhecer. Mas, por preconceito, sua mãe não vai
deixar. A menina vai mesmo assim, escondida e literalmente cai no samba até se
tornar a rainha de bateria daquela escola.
Estudante
do 4º ano do Ensino Fundamental, Camila Pereira, de 11 anos, participou de
todas as atividades do projeto. A aluna diz que viu no livro uma maneira fácil
de entender um pouco mais de cultura e de história do samba. “A história fala
de uma menina que queria ir pras rodas de samba, mas a mãe dela não deixava,
dizendo que era lugar de favelado. Mas aí nossa professora explicou que não são
só negros e pobres que trabalham com o samba, muitas vezes tem pessoas de
outros países interessados na nossa cultura”, declarou.
O projeto sobre Martinho da Vila
será algum dos que serão apresentados na Mostra Pedagógica que será promovida
pela Secretaria Municipal de Educação, na próxima sexta-feira (24), a partir
das 9h, na Praça dos Eucaliptos, Centro. Na ocasião, os 297 alunos irão
apresentar uma coreografia da música eternizada do artista: “Devagar,
devagarinho”.
muito bacana o trabalho realizado no campo educacional tendo como ícone o intelectual Martinho da Vila. Parabéns.
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