sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Queimados oferece mais de 200 vagas para Educação de Jovens e Adultos

Três unidades da rede municipal de ensino estão com matrículas abertas para turmas que abrangem desde a alfabetização até os anos finais do Ensino Fundamental

Diretora Katia Baptista com a turma da EJA 
Dine Estela: A rede municipal de ensino de Queimados está com inscrições abertas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) referente ao segundo semestre de 2017. A modalidade está sendo oferecida em três escolas e tem por finalidade garantir o acesso ao Ensino Fundamental às pessoas que não puderam iniciar ou prosseguir seus estudos na idade certa. Ao todo, há 214 vagas disponíveis. No total, o município conta com 1.061 alunos  matriculados nesta categoria.


As ofertas são para a Escola Municipal Oscar Weinschenck (Rua Eloiza, s/n, Fanchen), que está com 90 vagas em aberto para turmas de alfabetização e anos iniciais, para a Escola Municipal Leopoldo Machado (Av. Vereador Marinho Hemetério de Oliveira, s/nº, Centro), que tem 75 vagas disponíveis para turmas dos anos iniciais e finais e para a Escola Municipal Scintilla Excel (Travessa Campo Alegre, s/nº, Bairro Belmonte), que está com 106 vagas a serem preenchidas nas turmas de alfabetização e dos anos finais.

Para a realização da matrícula, o candidato deve se dirigir à unidade de sua preferência, de segunda a sexta-feira, a partir das 18h ou na sede da Secretaria Municipal de Educação (Rua Hortência – Praça dos Eucaliptos – Centro), das 8h às 17h, munidos das cópias da identidade, certidão de nascimento, pasta modelo 17, histórico escolar ou declaração de transferência, 3 fotos 3X4, comprovante de residência e tipo sanguíneo. A idade mínima para realizar a inscrição é de 15 anos.

Como forma de estimular o cidadão a voltar e a permanecer em sala de aula, o secretário de Educação de Queimados, o professor Lenine Lemos, programou um roteiro de visitas em todas as escolas da rede contando um pouco de sua história pessoal e acadêmica. “Tudo é possível quando se tem um sonho. Eu voltei a estudar aos 34 anos, fiz duas pós-graduações, incluindo uma docência do ensino superior, sou formado em administração pública e marketing e hoje sou professor universitário. Por tanto, não desistam de vocês mesmos”, enfatizou o secretário.

Ainda de acordo com o secretário é preciso mais do que giz para se obter o êxito educacional. “Já é difícil manter a atenção de uma criança que não tem preocupações de um adulto na cabeça. Imagine segurar a atenção de um pai ou uma mãe de família depois de um dia inteiro de trabalho. Esse público precisa de muitos estímulos educacionais, não por falta de interesse deles, pelo contrário, são muito aplicados, mas o cansaço do dia a dia castiga muito. Por isso, mantemos nossos professores sempre em formação continuada”, disse.


 Recomeço como uma alternativa

O sonho de ler e escrever o próprio nome fez o carpinteiro Ednaldo Lima da Silva, de 47 anos, voltar para a sala de aula depois de criar três filhos. “Quero acompanhar de perto o estudo dos meus filhos, além de melhorar profissionalmente e não estou conseguindo sem a educação. Graças ao incentivo da minha esposa resolvi tentar novamente já que na minha infância tive que abandonar os estudos para ajudar meu pai a criar meus 10 irmãos”, contou o aluno da Escola Municipal Leopoldo Machado.

Já a estudante Vera Lima da Silva, de 58 anos, trabalha há 20 anos como empregada doméstica e  agora se viu obrigada a ter que voltar a estudar por conta de uma exigência imposta no trabalho. “Criei meus três filhos trabalhando como doméstica. Mas agora minha patroa exige que eu assine o ponto e leia os rótulos dos produtos de limpeza, algo que achava que era impossível para mim. Saio de Ipanema todos os dias e venho direto para a sala de aula à noite”, conta.

Jovens também procuram a modalidade

De acordo com a Coordenadora da Educação de Jovens e Adultos de Queimados, a professora Letícia Farjado, a EJA não é de exclusividade dos idosos. Segundo ela, houve um aumento considerável no número de jovens que buscam essa modalidade de ensino nos últimos anos, especialmente por falta de aporte financeiro. “Muitos deixam a escola para trabalhar, outros por conta da chegada de filhos. Esse é um dos desafios a serem discutidos e vencidos coletivamente a fim de que os jovens que cheguem à EJA e encontrem espaços favoráveis para compartilhar e ampliar conhecimentos com os adultos e idosos num mesmo ambiente de aprendizagem”, enfatizou a docente que concluiu recentemente um curso de pós-graduação sobre “juvenilização” da EJA.

A jovem Fabiana Santos, de 21 anos, é um dos casos que se enquadram nesse perfil.  Estudante da Escola Municipal Professor Leopoldo Machado, ela teve que paralisar os estudos por conta de uma gravidez e ficou sete anos parada. “Só consegui voltar agora que minha filha já não precisa tanto de mim. Hoje, porém, não consigo arrumar emprego porque não tenho o Ensino Médio. Se não fossem estas turmas especiais à noite, não conseguiria voltar a estudar”, concluiu

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