Professora da rede pública de Queimados desenvolve atividade pedagógica além da sala de aula para estudantes que almejem um futuro melhor
Dine Estela - O projeto “Encontros e Reencontros”, que consiste na implementação de leitura nas escolas da rede pública municipal de ensino, desenvolvido pela Secretaria de Educação de Queimados, inspirou a professora de Letras, Tatiana Tomas, a levar sua turma do 5º ano da Escola Municipal Allan Kardec, localizada no bairro Vila do Tinguá, para conhecer a Defensoria Geral do Rio de Janeiro. Além do cunho pedagógico da iniciativa, está principalmente o social: Estudantes que vivem em áreas de vulnerabilidade social, agora já pensam em serem advogados e até juízes quando crescerem.
A ideia da visita veio de uma postagem na página da Defensoria nas redes sociais, que em abril compartilhou a história do servidor Samuel Diogo, um menino pobre que já fez de quase tudo um pouco para sobreviver e hoje trabalha na área de Tecnologia da Informação do órgão e está perto de concluir sua graduação.
O grupo foi recebido pelo defensor público-geral, André Castro e pelo coordenador do Interior e da Baixada Fluminense, Marcelo Leão, que entregaram a cada um dos estudantes um exemplar do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para ser discutido também em sala de aula. Os alunos visitaram as dependências da instituição e tiveram até aula de Cidadania.
Foi a primeira vez que uma escola pública de Queimados visitou a Defensoria Pública, contou a professora Tatiana, que é estudante de Direito. “Fomos recebidos com muito carinho, as crianças ficaram encantadas pela acolhida e incentivo no âmbito social. Precisamos de efetivas atuações que propiciem novos diálogos, visões e bons exemplos. Que nossos alunos saibam que há opções além da realidade da comunidade onde vivem e que seus sonhos são possíveis.”, enfatizou a professora que aproveitou a atividade para estimular a parte prática da disciplina de Gênero e Produção Textual, com elaboração de cartas de agradecimento por parte dos alunos à Defensoria pela boa receptividade.
Responsável pela transmissão do conteúdo aos alunos durante a visita, a Defensora Pública, Lívia Casseres, integrante do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (NUDEDH), explicou que a igualdade é um direito e o motivo pelo qual a Defensoria assegura o acesso à Justiça a todos os cidadãos, independente de sua condição financeira ou social. “Muitos não sabiam que tinham profissionais qualificados para defendê-los de forma gratuita em questões que, aos poucos, foram se revelando triviais para eles, como pensão alimentícia e acesso à saúde. Com certeza vão repassar essas informações às suas respectivas famílias”, destacou.
Novos defensores
A visita à Defensoria Pública só foi possível graças ao apoio da direção da Escola Allan Kardec e também da Secretaria Municipal de Educação, que garantiu o transporte para a locomoção dos estudantes. “Essas ações têm suma importância para o desenvolvimento de nossos alunos. Essa visita pode parecer simples, mas tem o poder de transformar vidas. A professora Tatiana está de parabéns por querer desenvolver em nossos estudantes uma aspiração de futuro. O objetivo é que eles se tornem multiplicadores de cidadania”, destacou o secretário de Educação, o professor Lenine Lemos.
Ao se depararem com a rotina dos defensores, juízes e advogados, os alunos que tinham apenas o cotidiano do local onde vive como exemplo de vida, mudaram seus planos de carreira e decidiram ser advogados e quem sabe até juiz, como é o caso da estudante Sindielly Silva dos Santos, de 10 anos, que não vê a hora de começar a advogar e lecionar. Antes, porém, caprichou na carta de agradecimento à defensoria. “Aprendemos mais sobre os nossos direitos e que podemos decidir o rumo do nosso futuro”, concluiu a estudante.
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