Professores da rede
pública municipal participam de oficinas de capacitação das leis federais que
determinam a aplicação da história do povo africano na grade curricular
Fotos: Luiz Ambrosio
Dine Estela: Que país seria o Brasil sem o legado da
cultura africana e seus costumes e tradições como a capoeira e o samba, por
exemplo? Pensando nisso, as escolas públicas municipais de Queimados já
apresentam a educação para as relações étnico-raciais como temática obrigatória
no currículo escolar. Com o objetivo de garantir a memória e a cultura, não
somente dos povos indígenas e africanos, mas também dos próprios brasileiros,
foi promulgada a lei 10.639/03, substituída pela 11645/08, que determina a
aplicação da matéria sobre a História do Povo Africano, seus costumes e todo o
seu contexto, bem como a história de povo indígena nas escolas brasileiras.
Em Queimados, o trabalho de
conscientização começou primeiro pelos professores que estão recebendo através
de uma equipe de técnica, orientações pedagógicas de inserção das leis nas
disciplinas escolares, como explicou a implementadora, professora Luzia de
Fátima. “O professor precisa conhecer e valorizar a ancestralidade desses povos
e suas culturas, pois só assim será capaz de provocar nos alunos a consciência
de que esses povos são tão importantes na história brasileira, quanto os
descendentes dos colonizadores europeus”, enfatizou.
A determinação do secretário de
educação de Queimados, professor Lenine Lemos, é que toda a comunidade escolar,
que inclui as famílias dos alunos, recebam as palestras de reflexão sobre a
importância da cultura africana e dos índios para o desenvolvimento cultural
dos alunos. “O segundo momento será com os pais para em seguida tratar do
assunto com os alunos. Entendemos que a família precisa participar de todo este
projeto educativo para que não sejamos pegos de surpresa com atitudes de
segregação racial”, enfatizou o secretário. Ainda segundo ele, essa dinâmica
tem o objetivo de diminuir o preconceito racial. A oficina já passou pela
maioria das escolas municipais.
Movimentos ligados ao negro aprovam a
iniciativa
Ativista Cultural de movimento afro, Fabrícius Caravana e líder de uma casa umbandista, também acredita que
somente com a aplicação das Leis 10.639/03 e 11645/08 nas escolas, será
possível diminuir a intolerância incentivada por discursos discriminatórios. “É
preciso reconhecer a importância da história daqueles que aqui chegaram
amarrados e que ajudaram a construir esta grande nação. Ao nos negarmos a
implantar as leis estaremos querendo arrancar o que mais precioso os negros
deixaram para nós, a nossa origem”, destacou.
Na Casa liderada por Fabrícius, a
cultura afro é perpetuada através da dança, comida e principalmente religião.
Os rituais africanos são realizados todas as segundas-feiras. Seguindo a
orientação espiritual de seu avô Custódio de Souza Caravana, que neste ano
completaria 150 anos, a casa realiza culto na linha da Umbanda
africanista no Brasil. “O Brasil não comeria o que come, não rezaria o que
reza, não dançaria nem cantaria como hoje canta, não fosse a riquíssima herança
cultural trazida pelos 4,5 milhões de africanos aqui escravizados. Essa
cultura e memória precisa ser valorizada”, concluiu.
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